domingo, 3 de junho de 2012

Neutron Star Collision

Eu havia me esquecido de como é doce o som do silêncio. Interno. Nada além de um velho lick Rockabilly para tocar durante uma tarde chuvosa. Eu amo isso. Minha individualidade e as coisas que me tornam "eu".
O vento, e a voz de Nina Simone me fazem perguntar o quê, afinal, eu tanto procuro enquanto caminho pelas ruas mortas dessa cidade. Não há nada lá, eu sei, estou cansado de saber. O vazio humano preenche todos os espaços possíveis, polui todos os olhares e torna todas as atitudes falsas. Não posso criticar isso. Nesse mundo, é melhor mesmo usar todos os mecanismos de defesa possíveis, e infelizmente, fingir é um dos melhores e mais eficazes. Talvez por isso eu ame tanto a inércia. O silêncio interno. Não há como falsificar isso. A calma e o caos unidos numa única coisa. Meu antigo mundo era baseado na inércia, e talvez por isso ele era tão confortável e seguro. Nunca houve um bom motivo para sair daqui. Dizem que é fora da zona de conforto que a mágica acontece, mentira. Acho que a fórmula perfeita, para que duas pessoas funcionem, é colidir dois mundos. Forçar duas zonas de conforto de uma forma tão violenta, que elas passem a ser uma só, funcionando para duas pessoas. Aí que reside o problema. As pessoas passam tanto tempo isoladas em suas zonas de conforto, alimentando e aumentando seus mundos, que eles passam a ser praticamente indestrutíveis e imutáveis. Esse é o meu problema. Criei um mundo tão seguro e grande, que não vejo motivo para abrir mão dele. Até tentei, juro que tentei, mas não consigo ver um motivo para incorporá-lo em um outro. Só encontro mundos frágeis e pequenos, talvez em formação ainda. Não consigo encontrar uma desculpa razoável para incorporar na minha vida coisas que não gosto e não quero. Sou egoísta, sim. Passei tempo demais levantando
muralhas ao meu redor, simplesmente não consigo abrir os portões para visitantes irresponsáveis que só querem dar uma espiada no que guardo aqui. Geralmente trazem e levam muita coisa sem eu perceber, e é realmente um saco limpar toda a bagunça depois. Por isso resolvi voltar e dar uma olhada em como estavam as coisas por aqui. Deixei meu mundo meio abandonado nesses últimos tempos, e confesso que nunca havia visto uma bagunça tão grande. Me deu vontade de ficar. Arrumar as coisas nas prateleiras como era, preencher as lacunas com coisas úteis mais uma vez, de mãos dadas com o doce silêncio interno.
E acho que vai ser assim, reconstruindo meu mundo parte por parte, aumentando ele cada vez mais. E junto com ele aumentando o medo. Porque um mundo tão grande, quando colide, leva tudo ao seu redor.

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