terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Recado para uma filha

Filha, peço que pare e ouça seu velho pai por um instante.
Eu queria impedir que você tomasse o mesmo caminho que eu, eu queria que você apenas amasse as pessoas certas. Eu queria que você nunca tivesse seu coração quebrado e nem que você cometesse os mesmos erros que eu.
Eu estaria te protegendo, mas ao mesmo tempo, estaria tornando sua vida sem sentido.
Entenda, a coisa mais valiosa que podemos dar pra uma pessoa nesse mundo é o nosso amor e nossa atenção, se ela não sabe ver, ou dar valor pra isso, não perca seu tempo, um dia ela vai descobrir o que perdeu.
É estranho sabe? Eu perdi toda a fé nos humanos, não os entendo, não me entendo. Não consigo ver quando foi que todos se tornaram blocos de cimento quebrado.
O que eu estou tentando te dizer, é que quero que você ame. Sim, ame errado, sem medo, quebre a cara, se recupere, ame de novo, perca, erre, mas sempre se levante! Se a vida é aparentemente esse ciclo de tomadas-no-cú épicas, pelo menos faça as coisas valerem a pena. Não perca a habilidade de amar como aconteceu comigo, não tranque seu coração em um cofre, você pode nunca mais conseguir abri-lo.
Faça completamente o oposto do que eu fiz e você será feliz.
lembre-se:

Alguns corações são como diamantes: são lindos, mas não servem pra nada.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Back to Black

Os mesmos pedaços. As mesmas restrições. Essas marcas dizem bem de onde vim e pra onde vou.
Essa maldita frase continua ecoando na minha cabeça, e o acaso me trouxe ela mais uma vez.
Eu vou quebrar esse mundo em pedaços, do tamanho dos meus. Eu vivi 18 vidas que não eram a minha.
Eu percorri todos os caminhos que me foram mostrados. Eu venci como queriam, mas mesmo assim continuam pedindo meus ossos. Eu quebrei o último espelho, e agora muita gente vai se machucar.
Essa é a revolução que eu começo da minha cama, um passo após o outro, uma gota de cada vez.
Esse é o meu egoísmo na sua forma total, a perda completa da santidade imposta.
Eu farei isso como sempre, Telecaster nas costas e o mesmo terno velho, afinal, voltar do inferno não é tão difícil assim...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dust to dust

Sentado nesse banco eu apenas observo. Vejo a poeira subindo quando os carros passam e o calor na beirada dos muros. Esse lugar parece o cenário de um velho-oeste ruim e sem diálogos.
Aqueles ossos enterrados tão perto, me atormentavam. Eu achava que havia cometido um erro ao deixá-los numa cova tão rasa, mas a poeira deste lugar acabou terminando meu serviço.
Eu descobri isso hoje, enquanto ouvia a canção que tanto me inspirava. Dia após dia o pó caiu sobre aquela tumba sem que eu percebesse. Mais de um ano de partículas, animais mortos e pele humana que vagaram pelo ar, sujaram minha camiseta branca, e entupiram meu nariz cobriram aquela cruz.
E foi esse mesmo pó que me fez perceber que não tenho mais os olhos de antigamente. É estranho piscar, e se deparar com um mundo completamente mudado. Acho que meus velhos olhos tornavam tudo  complicado, eles eram pré-programados para procurar o lado obscuro e pessimista das coisas.
Isso atrapalhava sem eu perceber, alimentava o meu medo, me dava medo, e me fazia ficar no mesmo lugar.
Esses novos olhos me mostraram mais uma coisa, e percebi isso olhando uma criança.
O meu tempo não é mais o mesmo. Eu já havia percebido, mas os velhos olhos não me deixavam aceitar.
Eu tinha tempo pra criar medos e possibilidades cruéis sobre a minha vida. Eu tinha tempo pra sofrer coisas com antecedência. Percebi agora, que até sofri muita coisa que na realidade nunca aconteceu.
Criei tantos mundos, famílias, dores e tardes odiando pessoas que não existem, que acabei não percebendo que a minha realidade estava acontecendo, e sem eu notar. Deixei o melhor dos meus mundos, esse aqui no qual eu sento e escrevo, abandonado simplesmente por medo de que alguma realidade fantasmagórica da minha cabeça tomasse o seu lugar. Já faz algum tempo que percebi que essa é a minha vida, e que ela acontece agora, mas nos últimos dois meses, eu tenho tido certeza que a melhor coisa a se fazer é  simplesmente viver. Os novos olhos acabaram me mostrando que o meu mundo é muito melhor do que qualquer outro que eu poderia ter imaginado. Ele é real e acontece agora,
assim, com esse carro que passa levantando uma nuvem de poeira.
Olho para o chão. Nenhum dos meus mundos tinha poeira. Nenhum dos meus mundos tinha calor.
Mas nenhum dos meus mundos tinha felicidade também, então é melhor não reclamar. Aqui tem poeira e calor, mas aqui eu sou feliz.
Ouço o som baixo do motor e vejo um sorriso. Subo na garupa e sinto mais calor.
Pelo retrovisor vejo as ruas esburacadas ficando pra trás.
Ela passa a mão sutilmente na minha perna me fazendo olhar pra frente.
É, eu não tenho mais medo.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Manual de instruções (funções básicas do modo aleatório, p.27)

ERROR 243: Espaço insuficiente para armazenar significados para o termo "FELICIDADE".




(seu texto excedeu o número de caracteres permitidos)

Manual de instruções (funções básicas do modo aleatório, p.45)

Entrar, acender a luz. Me encontrei onde não esperava. Sorrir por coisas que pra todos seria idiotice.
Não havia nada de errado quando ela levantou o revólver até a minha cabeça, e eu juro que não tive medo
quando vi o brilho das balas dentro do tambor.
Fomos treinados pra chegar até aqui, e sabíamos muito bem o que fazer.
Alguma coisa continua estranha no ar, me seduzindo e torcendo meus pulmões.
Sentado olhando para o céu, o som do violão do lado direito, as pessoas e o riso. Busquei uma memória só por testar e estranhei não encontrá-la. Sorri por não encontrá-la. Será que ela realmente aconteceu?
Espremer a cabeça por mais duas linhas horizontais, não dá certo, não está funcionando.
Eu vi minha casa ser atingida por um míssil, eu vi o ônibus colidir três vezes e eu ri como no começo.
Sua pele não possui temperatura ambiente, é um pouquinho mais fria. Gosto disso.
Acho que nunca poderei culpar aquele satélite por coisa alguma, mas está tudo bem, de qualquer forma ele continua rodando.
Eu juro que eu queria ter derrubado aquela porta, acho que dava pra ver isso nos meus olhos, e essa porra de filme ruim faz a minha vontade triplicar.
Lembre-se sempre de adicionar uma trilha MIDI antes de configurar os vstis, caso contrário tudo vai congelar.
Pensando bem, acho que dessa vez eu colocaria o seu nome do lado de fora, ficaria mais bonito.
Não acender mais cigarros. Não há mais necessidade disso, a origem foi destruída quase sem querer, e eu sou grato por isso.
Não acender mais a boca do meio do fogão, isso pode explodir a casa, e não seria legal como o míssil que eu vi.
São apenas pedaços de uma coisa maior, mas a preguiça ainda está aqui, bem aqui.
Não. Não tente entender, é só para eu conseguir lembrar.

Ah, e não esquecer de sempre atrasar o relógio em 24horas, todos os dias.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Violet

O sol laranja derretendo coisas na calçada
Tirem o machado das minhas mãos enquanto é tempo
O frio está voltando, eu detesto isso
A última chance de perder o controle
O que corre sob as veias está me corroendo
Dançando em ácido nítrico
Vendo histórias que conheço bem
Rasgue essa carne mais uma vez
Não pode quebrar o que não criou
Por um fim definitivo
A esperança na descrença
Incondicional auto-destruição
Novo desrespeito
Quebre meus joelhos para que eu não te alcance
Quebre o que me resta
Quebre o que me resta
Quebre o que me resta
Quebre o que me resta
Quebre o que me resta
Quebre o que me resta
ou eu mesmo acabarei quebrando.


Leve tudo, eu te desafio.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Não consegue aguentar a chuva da manhã? Caia fora, eu tomarei o seu lugar então.

Anyone can play guitar.

Eu andava pela rua cantando pedaços de canções que havia esquecido, repetindo infinitamente os três primeiros acordes distorcidos.Tentar esconder a transparência do tórax é uma tarefa difícil quando quase tudo se reflete no meu corpo.
Os dedos não respondiam mais como antigamente. A velha afinação em G aberto já me parecia incolor.
Mas o amor ainda estava lá. O amor quente pelo objeto frio. Na textura, nas curvas, no preto fosco destruído pelas histórias que vivemos.
Eu não lembro quando a vontade foi arrancada de mim, não lembro quando, exatamente, passei a ter medo daquilo que me trouxe até aqui. Me sinto culpado por tê-la deixado de lado, justamente quando poderia ter me ajudado a quebrar mais coisas. Mas o quê eu poderia fazer? Minhas mãos estavam amarradas ao meu rosto tentando impedir que a raiva escapasse dos meus olhos.
Essa relação de amor e ódio é o que nos move, eu preciso dela, e ela de mim. A versão definitiva de um sonho antigo, não posso negar.
Eu lembro das manchas que o meu sangue deixou nela, e de quantas vezes tive que enxugar as minhas lágrimas que sobre ela caíam.
Os tendões ainda não respondem, a memória não é mais a mesma, mas sei que essa é a hora de mais uma vez tentar a paz, restaurar a sintonia e voltar a quebrar tudo como era, sem remorso ou piedade.
Ela é o recipiente da minha crueldade. Toda a raiva e ódio foi de alguma forma transferida para aquela forma simples, e somente ela possuí a real chave que me libera dessa pequena jaula que é o meu corpo.
Ela nunca me pediu mais do que um pouco de atenção. Sempre ali, com seu corpo exposto na cama, só me esperando, mas mesmo assim, eu a matei. Duas vezes.
Eu coloquei a culpa por toda a minha frustração e desilusão nela, mas não percebi que estava culpando só outra metade de mim.
Eu sei que um pedido de desculpas não altera o que eu te fiz, nem os pedaços que te arranquei, não apaga as canções tristes que te fiz cantar e os meses que te abandonei a sua própria sorte.
Mas eu te digo: me desculpe.
Me desculpe pelo nome que nunca te dei, me desculpe por nunca agradecer por tudo que você fez por mim.
Você é minha filha, minha mulher, minha amante.
Você é minha alma, e por isso eu te amo!

sábado, 24 de setembro de 2011

O texto sem fim ( rabbit ears don't work)

Sentar no meio fio, abrir uma Stella, rir do vidro meio aberto e do bebê no banco de trás.
Dedo mínimo como um gancho, meu sorriso meio torto.
Dia chuvoso com olhar paralisante, calça soltando tinta no tênis.
Desencontros virtuais, encontros bem reais.
Mesas de plástico amarelas, ex-Lucky Strike preto.
Escolher a playlist do bar, marcador permanente no guarda-roupas.
Ramona Flowers, Once, tudo perdido na tradução.
Rir da cara do segurança, lamber pratos.
Jóia de plástico, dança de loja nas barrigas das bonecas.
Papel de presente com meu nome colado.
Rolha de vinho no bolso de fora da mochila, perder o controle do portão.
-Linha dedicada somente ao bacon.
Espalhar cabelo pela sua casa, riscar minha camiseta.
Bom dia, fita no cabelo, nescau aditivado.
Molho inglês, cheiro de comida e Janta no áudio
Corda de guitarra no braço, vanguart não me lembra mais uma banda.
Almoço com a mãe, video-conferência com a outra.
Ciúme de irmã, pés descobertos, botton narcisista.
Medo de altura, Scott Pilgrim e bolacha no colchão.
Seu óculos vermelho, macarrão e Anita Paçoca.
Cabo de rede quebrado, a  pinta nas costas, shampoo de cheiro duvidoso.
Carregador trocado,puxada na barba, black bird.
Show de quem? aprender a jogar o cigarro.
Meio exato da passarela, máquina de dança e Felipe Massa.
Outra fita no cabelo, chá na cama e feriado.
Bicicleta de andar e bicicleta de olhar, essa ninguém vai entender.
Sebo, Jazz, lavar a louça e comer de novo.
Tampa de cerveja no bolso, mini papel de presente na parede.
Colagem na gaveta, jogar fora a caneca, comprar pirulito.
Conversa até tarde, sapato de salto e perder o cinto.
Sofá amarelo, Dire Straits na parede e alho no molho.
Eu não gosto de salsinha.
Papel de parede no celular, Tela da Jú, 1984.
Adolf, mimimice. gudi mornin! rau ar iu?
MMS na aula, colocar cordas novas, Black Star de manhã.
R.u, perseguição de guarda-chuvas, nomes estranhos.
Quase torrada com manteiga ( desculpe por essa).
Aquela branca sem fundo, subir escadas.
O "X" na parede de entrada, a madeira na porta,
Ah, e o prendedor no interfone!
Um mickey na parede, o do dia 31, prender os capacetes.
Tirar o lixo de noite, Seven, erguer os colchões.
Perseguição nos bares, riso baixo nas cobertas.
Muros, sustos, graxa, Radiohead, Wilco e tipinho.
Orgulho mútuo, os copas do desenho, o quarto espinho.
O número 9, saia de bolinhas, jaqueta curta azul.
Telefonemas inesperados, (f)  código Morse particular.
Contar sonhos, desenha-me um carneiro?
Nós dançamos, Canção pra você ir, ninguém sabe ler na vertical.
Derrubar água no notebook, Barbarella e chocolate.
Ponta dos dedos, V de vingança feminina.
Orelhas de coelho não funcionam.
E eu não paro de escrever, pois os segundos nunca acabam
E os detalhes também não.
Nunca acabam.

Blended with toasted disease.

Eu quebrei coisas quando não te encontrei.
Gastei rios de dignidade e saúde por você.
Você me destruiu lentamente com seu gosto de creme.
 "slow motion" não me atrai mais.
Você dominou meu corpo e meu sono por tempo demais.
Cruel, na negação.
Cruel no incentivo.
Eu te procurava pelos becos coloridos.
1,2,3 listras, não importa mais, douradas ou não.
Vermelho, prata, cubano, que se foda.
Retomar o controle
Retomar minha mente
A inspiração está em outro lugar
Nunca parou pra pensar?
Adiantar o fim não faria sentido
Nunca fez, Só não vi (ou não quis)
Esse é o adeus que adiei por anos
Esse é o fim do nosso ódio mútuo
Esse é o fim do meu ódio próprio
E o começo real...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Alguns podem dizer...

Você já sentiu o peso incalculável da lágrima de outra pessoa caindo em seu rosto? Pois eu sim, e posso dizer que me considero um cara de sorte por isso. Fiquei abismado com o tamanho da beleza dos sentimentos que algumas pessoas escondem debaixo de olhos sempre sorridentes, e com a força oculta em gestos simples do cotidiano. Anos acreditando que o mundo havia se tornado uma massa fria e disforme, sem sentimentos ou lógica, Anos procurando por uma mísera fagulha de vida dentro de olhares cinza pela rua, Anos..
Acho completamente impossível descrever aquilo. Vida, na sua mais pura forma, saindo dos olhos daquelas pessoas, sem preocupações ou pudor, fazendo com que eu sentisse a dor de cada lágrima que lentamente saía, me fazendo rever milhões de coisas e conceitos.
Sinto pena daqueles as julgaram, ou julgariam vendo aquela cena, mas pra mim elas estão certas, algo tão sublime assim não deve mesmo ficar à mostra, ao alcance de todos.
Eu as admiro, e confesso que não queria dizer isso usando estas letras padronizadas. Eu sei muito bem o que é olhar no espelho e perceber que seu maior inimigo está em seus próprios olhos, te consumindo por dentro em silêncio, se infiltrando cada vez mais a cada sorriso sem sentido que damos, e mesmo assim, buscar coragem sabe-se lá onde para enfrentá-lo.
Coragem, amor, altruísmo, amizade, e várias outras coisas que achei que haviam sido dizimadas pela crueldade desses tempos malucos estavam ali, na minha frente, dizendo que a vida ainda luta, e os corações, por mais que despedaçados, ainda querem bater com vontade.




( para vocês, obrigado por me deixarem ver que estão vivas, e meus mais sinceros parabéns pela verdade que vi em seus olhos ).

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Adeus Pan...

Verão, eu não suportava aquele calor, e você cortava sua camiseta do Misfits só pra me provocar.
Nós corríamos pelas ruas como se essa maldita cidade fosse Berlim. Lembra disso?
Love Buzz infinitamente no rádio e pelo menos naquele dia, nós éramos os heróis.
Você amava a minha jaqueta do David Bowie e eu a palavra ódio riscada na sua mochila.
Mas meu bem, eu era só uma criança, e por debaixo do cadeado no pescoço havia só esperança.
Lembra de quando transamos na movimentada avenida? ou quando entramos naquela festa?
A colegial sem vergonha e o advogado sem escrúpulos, nadando de roupa na piscina enquanto você roubava minha gravata favorita.
Eu adorava sua cara quando você dizia que ia me matar, e você a sua calcinha jogada na da minha guitarra.
Mas meu bem, eu era uma criança, e você via isso quando a gente roubava placas de trânsito na madrugada.
Você chorou quando eu te levei chocolates na páscoa, e eu quando você cortou o meu braço.
Você riu quando seu pai me ameaçou de morte, e eu quando o meu te deu vodka.
Você me ligou bêbada dizendo ter visto Jim Morrison, e eu quando fui despedido do meu emprego.
Pista de skate, cerveja, D.D.G e incêndio florestal, é, nem tudo estava sobre o nosso controle.
Mas meu bem, então de repente você virou a criança.
Te colocar no sofá e limpar a sua cara, tirar o mato da sua roupa e dizer que ia ficar tudo bem.
Eu morria um pouco mais a cada nova marca de agulha no seu braço.
Eu morria quando você dizia coisas sobre luzes na cabeça. Você cumpriu a promessa, você estava me matando, da pior forma possível.
Te buscar pela linha de trem. Eu te defendia de tudo, mas não pude te defender de você mesma.
Lembra quando aquela policial quebrou o seu nariz? aquilo doeu muito mais em mim.
Quando você quebrou a garrafa de conhaque no sofá, foi eu quem saiu ferido.
Era eu quem juntava as cartelas daquele seu maldito remédio, e fui eu que apanhei quando você dormiu de tênis na cama da minha mãe.
O beijo de leite condensado com vinho. Eu leite, você vinho.
O meu vinyl do Ramones, o que você fez com ele mesmo? Você sabe muito bem.
Dia das mães, Lembra? Por que eu carreguei os dois?
Banheiro do bar, você lembra poque eu fui expulso? Era você, se refletindo em mim.
Eu suportei o peso de te amar o quanto pude, e o seu, até os meus braços cansarem.
Você me transformou em um homem, literalmente,
eu não era mais um soldadinho lutando por uma causa perdida.
Eu não chorei quando você me olhou e não conseguiu falar o meu nome.
Eu não chorei quando você quebrou a minha guitarra e me disse que havia sido por causa do macarrão.
Eu não chorei quando você foi demitida do seu emprego e colocou a culpa na música.
E foi então que eu descobri que os homens choram.
Eu chorei quando você disse que me amava demais pra fazer aquilo comigo.
Eu chorei, e como chorei, ao ver a beleza sumir dos seus olhos.
Eu chorei ao ver você vender os livros e os discos que eu te dei.
E eu achei que já estava morto quando você disse que não iria mudar.
Com duas horas de atraso, a chuva nas costas e o medo no peito você disse:
"nascidos pra morrer em Berlim baby, você lembra?"
Mas sabe meu bem, eu estava errado, e se hoje te visito nesse cemitério, é sinal de que emfim aprendi.
Você estava certa, a vida anda por uns caminhos estranhos mesmo,e eu não vou mais morrer em Berlim.

(Sid & Nancy estavam errados, o amor não mata.)

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Nós dançamos.

O que eu quero brilha de longe e ativa todos os meus sentidos com uma simples palavra.
Me faz levantar pela manhã e me protege do que eu quero.
O que eu quero me protege do que eu quero.
É simples assim, ação cria outras ações, ou Molko estaria errado?
A queda de 88 vai se repetir, isso é óbvio, é só olhar.
Armas em punho baby, mas olhe bem, não estamos duelando.
Qual é a questão aqui? 3 linhas douradas no filtro fazem a diferença?
Vocês irão ler e não irão ver, principalmente essa parte, é lógico demais.
Precisa-se recuar um pouco a cadeira para ver mais de uma vez.
Nunca se perguntou o que mantêm eles grudados?
Estariam todos passeando pelo sétimo circulo?
Se prestar atenção você encontra um mundo, bem aos seus pés.
É quase como a música V-X-VI
Sempre falando sem precisar abrir a boca.
E eles sempre tentando ouvir só com os ouvidos...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Little Lover's So Polite

Os erros estão gravados na pele e espalhados nas coisas que ouço.
Eu os encontro toda vez que tento me reconhecer no espelho.
Sinto culpa por coisas que ainda nem fiz.
Não posso te arrastar pra toda essa bagunça e simplesmente rir todo dia.
Estou diluído e envergonhado, mas nunca disse que isso teria algum sentido.
Estamos ficando vazios, e você percebe isso tanto quanto eu.
Por 8 vezes eu virei o rosto pra que a decepção não ficasse evidente,
você sabe que pela regra, só resta mais uma.
Eu estou perto demais do passado, perto demais.
Escrevo esse futuro monótono que eu já conheço muito bem.
Mas vai ser assim,
acho que é melhor dizer um dolorido e complicado até logo, do que um fácil e estúpido adeus.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ERROR 196

YourlifesucksSoft [ver 9.0]
Copyright <c> 2011 Yourlifesucks Corporation.


C:\users\YourName>


Sento, escrevo, ouço músicas que nunca toquei, recorto papéis pigmentados, sinto frio, me entupo de cafeína, me alimento de comida artificial, vejo filmes que nunca dirigi, recebo radiação do vizinho, abraço minha mãe, arranco a cabeça de zumbis,  faço sexo, risco números em minha mesa, volto no tempo, gravo, limpo a casa, compro, sinto.


Sento, reescrevo, toco músicas que nunca ouvi, pinto papéis recortados, sinto calor, me entupo de refrigerante,
me torno artificial com comida de verdade, dirijo filmes que nunca vi, mando radiação para o vizinho, brigo com minha mãe, zumbis arrancam minha cabeça, faço mais sexo, apago números da minha mesa, paro no tempo, apago, sujo a casa, vendo, sinto.


Sento, apago, crio músicas que nunca tocarei, recorto papéis pintados, sinto raiva, me entupo de vodka, não me alimento, não vejo filmes, fujo do vizinho, beijo minha mãe, viro um zumbi, faço ainda mais sexo, reescrevo números na minha mesa, vejo o futuro, regravo, saio de casa, lucro, sinto.


Sento, tocarei, crio músicas que nunca apaguei, escrevo papéis recortados, pigmento raiva, sinto vodka, me alimento de filmes artificiais, não vejo comida, sou meu vizinho, viro minha mãe, arranco a cabeça de um humano, faço mais e mais sexo, reescrevo minha mesa com números, regravo o passado, vejo o lucro, a casa sai de mim, sinto.


Sento, crio, tocarei músicas que nunca apaguei, escrevo recortes em papéis, pigmento vodka, sinto filmes, me alimento de raiva artificial, não vejo minha mãe, meu vizinho vira eu, um humano arranca minha cabeça, o sexo me faz, os números apagam o futuro, gravo minha mesa, o prejuízo me vê, volto pra casa, sinto.


Sento, músicas, crio, apago, nunca, recorto, pigmento, papéis, vodka, raiva, sinto, artificiais, filmes, mãe, não,  devizinhoradiaçãovirahumanoarrancazumbicabeçasexonúmerosfazofuturomesagravolucrocasadestruída, sinto.


S3nt0,ndoerdM1jd47ecrElmrtidkmL3jfklesrIorkd035hNqo4pdr4fAdjfabfrajbffdnjsndjnjfrbgafakrhfaluwrhfbcakhfcaknfakwjrchnrkhfkrjhgvkghngkcthkjthgvktnhghtwckghwctgkjwhgwjktcnhtkjhgwcltkjhgl, S1nt0.


Sento, ERROR ERROR ODEIO ODEIO ERROR AMO AMO ERROR ERRORERROR ERRROR AMO ODEIO ERROR ERROR SEXO ERROR AMO ODEIO ERROR ERROR, error.


ERROR 404, MIND NOT FOUND.
ERROR 503, LIFE UNAVAILABLE.


>delete life.exe? (Y/N)_


>Y




(Nada mais trágico do que a felicidade infinita.)

sábado, 16 de julho de 2011

Tonight tonight

Não gosto de vê-la chorando
Nem que seja pelas razões (ainda) certas
Se o ser que me parece mais resistente
Sente a queda,
Quem sou eu para negar?
Percebo
Que tudo é muito maior do que imaginava.

sábado, 9 de julho de 2011

Antenna box

Naquele milésimo de segundo, o tempo desacelerou, tanto que achei que podia tocar cada partícula de pó no ar, tão lento, que o acorde arrastado daquela música estranha parecia algo sólido, me esmagando lentamente.
Ela estava sobre o meu braço, com o olhar mais destrutivo que já encontrei. Ela me olhava como se pudesse ver cada fragmento de memória, cada linha de todas as histórias que conheço, invadindo minha alma até um ponto que mesmo eu desconhecia.
Eu podia ver cada fio do seu cabelo se movendo individualmente, como uma plantação de soja em uma tarde alaranjada, e isso fazia cada célula do meu corpo querer deixar de fazer parte desse todo, deixar de realizar suas funções básicas e simplesmente sucumbir ao toque quente dela.
Tentei me recompor, mas o tempo não havia voltado ao normal, ela ainda estava ali, comprimindo minhas veias, me fazendo cair em um vazio tão cheio de significado que aquilo me fez desejar, e oh Deus, e como eu desejei, que o mundo acabasse ali, pelo medo indescritível de ser sufocado pelo que viria depois...

E então o tempo voltou a fluir, como aquela sensação estranha de cair na cama após um pesadelo. Eu ainda sentia a radiação dela, mas a impressão de estar dormindo não me saía da cabeça. Comecei a tentar me perguntar o que havia acontecido, como uma simples criatura havia causado tudo aquilo em mim, e o quê exatamente, havia acontecido naquela eternidade minúscula.
 Não consegui, O mais próximo do que seria descrever, é que eu me senti, estranhamente,
Como um maldito recém-nascido... 

domingo, 26 de junho de 2011

00:09

Essas memórias um dia foram carne, possuíam nome e calor, e agora me pego tentando arrancá-las de mim usando essa máquina fria, tentando convertê-las em números e sequências.
Talvez assim, codificando pedaço por pedaço, eu consiga me livrar do peso que elas representam, consiga dizer adeus aos milhares de fantasmas que encontro em cada milímetro dessa cidade, e quem sabe até, consiga fazer com que elas parem de sugar o pouco de saúde que me resta.
Mas, não é simples mexer em feridas que ainda sangram com tamanha vontade, chego a pensar que no fundo sou só isso, algo que existe para mantê-las abertas e pulsando, ou talvez, seja essa pulsação que mantêm meu coração batendo e me levando sempre para o lado errado do pensamento, me fazendo odiar cada segundo que ainda não vivi, criando perguntas e mais perguntas sobre o que diabos é essa minha vida caótica, descontrolada e cheia de horas (algumas até felizes).
Realmente não me importo com o rumo dessas coisas que escrevo, não me importa se estão certas, erradas ou simplesmente parecem idiotice, o que importa pra mim, é que agora posso deitar e tentar dormir, já que este texto, está do lado de fora.