quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Vida Diet


Ah, essa vida moderna, enlatada e cheia de conservantes! Esse ritmo frenético de indas e vindas sem sentido. Esse ódio pré-programado em html e os amores barrados no anti-vírus. Apertos de mão que não existem e sorrisos estampados com tinta barata. Isso tudo me enoja. Antiquado sentimento de orgulho por ser um só, por ser só um. Ócio detestável dos meu olhos, que se desviam das palavras impressas e se prendem aos caracteres de 8 bits. Doce ironia em jogar mais um sentimento no limbo desse mundo. Padronizar mais um pedaço de mim. Me tornar encontrável aos satélites que me guiam para casa. Me tornar mais um ao invés de um só. Amável dissonância que chega aos meus ouvidos direto dos confins de Londres via fibra-óptica. Linda raiva pasteurizada em uma guitarra made in china. Louvai ao semi-deus Processador de dados, pois ele transmite todo o conhecimento necessário para nossa vida. Louvai aos anjos que enviam nossas mensagens por e-mail, pois sem eles, nossas preces não seriam atendidas. Ah, a incrível revolução com uma imagem. O protesto em um muro sem tijolos. A batalha Vietnamita renderizada com desprezo, e as mudanças que queremos nos países que nunca visitamos. Celebrai-vos a imbecilidade humana, pois agora  podemos comemorar um Status coletivo! Não há culpados, não dessa vez.
Celebrai mais uma vez a ironia. A ironia de escrever essas palavras que produzem mais um leitor automático.
Outro leitor automático de palavras automáticas.







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